quarta-feira, 3 de julho de 2013

Reflexões sobre reciclagem

Ilustração Carlos D. G. Silva

Cada brasileiro gera em média 1,1 Kg de resíduos por dia, resultando em 183 mil toneladas diárias em todo país (IBGE, 2010). Diante desses valores, a reciclagem é uma excelente maneira de amenizar os danos provocados por essa enorme geração de resíduos, pois transforma materiais descartados em matéria-prima para produzir novos materiais. Mas, para que esse processo de transformação ocorra é necessário driblar diversos empecilhos que afetam a reciclagem.

Mesmo que um material possua potencial, sua reciclagem depende muito do contexto local, isto é, a realidade social, ambiental e econômica de uma localidade. Por exemplo, o isopor possui potencial de reciclagem, mas por ser leve, volumoso e haver poucas industrias recicladoras desse material a sua reciclagem é inviável na maioria das regiões.

Outro caso ocorre com as fraldas descartáveis que são recicladas em outros países, mas no Brasil ainda não há essa tecnologia, portanto, em nosso contexto, as fraldas são encaminhadas para os lixões e aterros sanitários.

O custo com transporte também inviabiliza a reciclagem de certos materiais, pois pode haver grandes distâncias entre o beneficiador e a indústria recicladora. Por exemplo, o plástico beneficiado no Rio de Janeiro é vendido para São Paulo para ser transformado em pellets (grãos) e depois vendido para o Sul para a indústria recicladora (GONÇALVES, 2003). 



Já no processo de transformação dos recicláveis, certos materiais não são reciclados infinitas vezes e em alguns casos a matéria-prima reciclada não voltará ao seu estado anterior. Desse modo, dentre os principais materiais que são reciclados pode haver diferenças no quanto cada material será aproveitado e no que irão se tornar após o processo.

A reciclagem do plástico pode ocorrer muitas vezes ou uma única vez, por conta dos vários tipos de plásticos existentes. Por exemplo, o plástico PET pode ser reciclado várias vezes sem perder suas principais características. Já o plástico PEAD, não pode ser transformado várias vezes, pelo fato de perder suas qualidades durante o processo de reciclagem (ECOD, 2012). O plástico reciclado é utilizado na fabricação de baldes, cabides, madeira plástica, cerdas, sacolas, garrafas que não terão contato direto com alimentos e fármacos, entre outros produtos.

Uma tonelada de papel reciclado evita o corte de 15 a 20 árvores, mas a reciclagem do papel só ocorre de cinco a sete vezes, pelo fato de suas fibras sofrerem degradação durante os processos (ECOD, 2012). Papéis plastificados, parafinados, metalizados, laminados e carbono não são facilmente reciclados e o papel reciclado pode ser utilizado na fabricação de caixas, sacolas, papel higiênico, cadernos, livros, entre vários outros produtos. 

Já os metais são divididos em ferrosos e não ferrosos e podem ser reciclados infinitas vezes e na maioria dos casos voltam a ser o material que eram anteriormente (ECOD, 2012). Mas, embalagens metálicas de aerossóis, tintas, inseticidas e pesticidas não são recicladas.

Uma tonelada de vidro reciclado evita a extração de 1,3 toneladas de areia e na maioria das vezes a reciclagem do vidro pode ocorrer infinitas vezes havendo perda zero, pois um quilo de vidro reciclado produz outro um quilo de vidro (ECOD, 2012). Mas, os vidros técnicos, como as lâmpadas, vidros de laboratórios, garrafas térmicas e isoladores elétricos, por possuírem uma constituição diferente não são facilmente reciclados.

Diante dessas e de outras circunstâncias, a reciclagem por si só não consegue resolver todo o problema de volume de resíduos gerados por nosso sistema de produção e consumo de forma eficiente. A redução do desperdício e do consumo e a reutilização de certos materiais são ações que auxiliam e aliviam o peso sobre o processo da reciclagem e os impactos no meio ambiente.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ECOD. Saiba quantas vezes os materiais mais comuns podem ser reciclados. Acesso em: 01 mai. 2013


GONÇALVES, P. A Reciclagem Integradora dos Aspectos Ambientais, Sociais e Econômicos. Rio de Janeiro: DP&A: Fase, 2003. 184 p.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2008. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. 219 p. 

SUDAN, D. C. (Coord.). Da pá virada: Revirando o tema lixo. Vivências em Educação ambiental e resíduos sólidos. São Paulo: Programa USP Recicla/ Agência USP de Inovação, 2007. 245p.

Por Nathália Bernardes Ribeiro, sob orientação de Profa. Laura Alves Martirani

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