Desde o início da humanidade, os homens extraem da natureza, substâncias que lhe são úteis e descartam o que não precisam nos corpos d’água1. A poluição, que gera como resíduos os metais pesados data da época em que os primeiros hominídeos descobriram o fogo e essa queima resultou em uma alteração nos níveis de metais na atmosfera2. Hipócrates em 370 a.C. relatou cólicas em um homem que trabalhava com extração de metais e Plínio3, o Velho (23 – 79 a.C.) descreve envenenamentos por arsênio e mercúrio.
Isso mostra que o problema da toxicidade dos metais não é recente e se agravou, com a mineração em busca de metais de importância econômica que começou no Império Romano e outros impérios e com a Revolução Industrial no século XVIII. Mas só foi dada a atenção devida ao fato da toxicidade dos metais na década de 50, após o acidente de Minamata, no Japão, em 1956, ocasião em que peixes e pessoas foram contaminados com mercúrio, causando lesões neurológicas e mortes. Outro fato que mereceu destaque foi o acidente de Itai-Itai em 1947, onde ocorreram indícios de contaminação por cádmio4 devido à poluição da água usada para irrigar as culturas de arroz. As pessoas apresentaram dores pelo corpo, danos renais e fragilidade óssea5.
Fig.1 Fontes de contaminação por elementos químicos nos corpos hídricos6 |
Elementos químicos ou metais pesados são aqueles metais que possuem alta densidade, persistem no ambiente, se acumulam nos organismos e se relacionam a problemas de toxicidade e poluição. As fontes dos metais podem ser naturais com a erosão de rochas e atividade vulcânica e artificiais, como o uso de agrotóxicos nas plantações, lançamento de esgotos domésticos e industriais7.
Os metais podem ocorrer naturalmente no solo, como cobre (Cu), zinco (Zn), cobalto (Co), magnésio (Mg), ferro (Fe) e níquel (Ni), substâncias essenciais em baixas concentrações principalmente relacionados com a nutrição dos vegetais, mas tóxicos quando em altas concentrações. Outros metais como o cádmio (Cd), chumbo (Pb), arsênio (As), mercúrio (Hg), cromo (Cr) selênio (Se) e urânio (U) são considerados tóxicos pois têm efeitos deletérios8 e não têm função biológica conhecida9.
NOTAS
1 Messias, 2008
2 Nriagu, 1996; citado por Tomazelli, 2003
3 Pascalicchio, 2002
4 Zagatto e Bertoletti, 2006; citado por Santos, 2008
5 Brasil, 2005
6 Adaptado de: www.metal-heavymetal.blogspot.com/2007/05/os-metais-esados-so-componentes.html
7 Zambetta, 2006
8 Pereira, 2008
9 Esteves, 1998; citado por FALQUETO, 2008
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Programa de Educomunicação Socioambiental. Série Documentos Técnicos 2. Brasília: Órgão Gestor da Política Nacional de Educação Ambiental, 2005. Disponível em: http://www.daep.com.br/coletivos/adm/download/dt_2_programa_educomunicacao_socio ambiental_4a_versao_maio_final.pdf. Acesso 20 mai. 2010.
FALQUETO, M.A. Avaliação do índice de qualidade da água (IQA) e dos elementos químicos nas águas e nos sedimentos do rio Corumbataí-SP. 2008. 116p. Dissertação (Mestrado em Ecologia Aplicada) – Centro de Energia nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2008.
MESSIAS, T.G. Influência da toxicidade da água e do sedimento dos rios São Joaquim e Ribeirão Claro na bacia do Corumbataí. 2008. 126p. Dissertação (Mestrado em Ciências – Área: Química na Agricultura e no Ambiente) – Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2008.
PASCALICCHIO, A.A.E. Contaminação por metais pesados – Saúde Pública eMedicina Ortomolecular. 132p. Editora Annablume. São Paulo, 2002. Disponível em www.books.google.com.br. Acesso em 19 mai. 2010.
PEREIRA, P.A.A. Estudo das alterações no sistema reprodutor de camundongos expostos a contaminação ambiental. 2008. 90p. Tese (Doutorado em Ciências – Área: Patologia) – Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
SANTOS, M.A.P.F. Avaliação da qualidade da água e do sedimento da subbacia do Rio Corumbataí (SP) por meio de testes ecotoxicológicos. 2008. 186p. Tese (Doutorado em Ciências) – Centro de Energia Nuclear na Agricultura, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2008.
TOMAZELLI, A.C. Estudo comparativo das concentrações de cádmio, chumbo e mercúrio em seis bacias hidrográficas do Estado de São Paulo. 2003. 124p. Tese (Doutorado em Ciências – Área: Biologia Comparada) – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Universidade de SãoPaulo, Ribeirão Preto, 2003.
ZAMBETTA, P.M.A. Espécies químicas inorgânicas (Al, As, Cd, Cr, Cu, Fe, Hg, Mn, Ni, Pb, Sn) no sedimento e nos sólidos em suspensão do rio Corumbataí, SP. 2006. 73p. Dissertação (Mestrado em Ecologia de Ecossistemas) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2006.
Texto escrito por Camila Lazarini Portela e Silva, (bióloga ESALQ/USP) in (Monografia desenvolvida sob orientação da Profa. Laura Alves Martirani)
Muito interessante a nova cara do Blog!
ResponderExcluirEstá muito bonito!
Parabéns para a equipe responsável!