Ilustração: Livia Serri Francoio |
A contaminação dos aquíferos subterrâneos por derivados de petróleo é um problema que ganha, na contemporaneidade, crescente preocupação, já constatada em países desenvolvidos, como Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos (OLIVEIRA & LOUREIRO, (1998). No Brasil, apesar da atenção recebida por órgãos federais, como a Agência Nacional das Águas (ANA) e estaduais, como a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), o tema ainda é incipiente.
Dados de entidades que monitoram a qualidade
da água fornecem parâmetros da gravidade do problema. De acordo com a Agência de
Proteção Ambiental Norte – Americana (EPA) ,
existem cerca de dois milhões de tanques subterrâneos de armazenamento
de gasolina nos Estados Unidos; destes, 30%, ou seja, seiscentos mil já vazaram ou estão em processo de vazamento (CORSEUIL,
1997). Em São Paulo,
de acordo com a CETESB, os postos de gasolina respondem por 63% das áreas de
águas subterrâneas contaminadas (TEIXEIRA, 2008). No Brasil existem
aproximadamente trinta e cinco mil postos de gasolina, a maioria construída na
década de 70. Como esses postos possuem uma vida útil em torno de 25 anos, configura-se
um cenário que evidencia a necessidade de constante vigilância de órgãos responsáveis.
Em caso de vazamento de gasolina, o contato com a água
subterrânea permite a dissolução parcial do combustível. Conseqüentemente, os
hidrocarbonetos monoaromáticos benzeno, tolueno, etilbenzeno e os três xilenos
orto, meta, para (BTEX), componentes da gasolina com maior miscibilidade em
água, contaminarão os lençóis freáticos (CORSEUIL, 1992). Leucemia, danos
nocivos ao sistema nervoso e morte da fauna e da flora: eis uma fotografia
obscura que o contato com esses componentes pode proporcionar.
Em virtude dos danos nocivos ao ambiente e aos seres
vivos que a presença de hidrocarbonetos acarreta, procuram-se medidas que
possam atenuar os prejuízos desses compostos em lençóis subterrâneos. Citam-se
como recursos os processos de extração de vapores do solo, que promovem a retirada dos contaminantes
voláteis, utilizando-se o vácuo. Pode-se recorrer, também, ao Air Sparging, técnica que utiliza a
injeção controlada de ar para a remoção de compostos orgânicos voláteis
dissolvidos na água, visto que força a mudança do estado líquido para o gasoso
do composto que se deseja extrair. Esses mecanismos, no entanto, exigem longos
períodos de tempo e altos custos para a remediação das áreas contaminadas (CORSEUIL
& WEBER, 1994). Ressalta-se ainda que nem sempre esse tipos de iniciativas são capazes de reverter todo um
quadro de contaminação.
Outra alternativa, economicamente mais viável,
baseia-se na biorremediação processo que emprega microrganismos e suas enzimas
para a degradação de compostos tóxicos. A técnica, todavia, é limitada por
apresentar dependência das condições de temperatura e da presença de nutrientes no local, para
que os microrganismos proliferem.
A contaminação da água subterrânea é um grave problema porque afeta um recurso indispensável à existência humana. Ressalta-se ainda que a sociedade moderna não conseguirá se livrar tão cedo desse risco, pois ainda depende desses combustíveis para movimentar grande parte de sua frota dos veículos.
Por fim, resta-nos saber se os sistemas de tratamento
de água, especialmente nas cidades que são abastecidas por água subterrânea são
capazes de eliminar essas substâncias e restaurar a integridade do composto mais
vital ao ser humano, de modo a garantir segurança à saúde da população.
Bibliografia:
CORSEUIL, X.H.; MARINS, D.M. Contaminação de águas subterrâneas por derramamento de gasolina: o problema é grave? Revista Engenharia Sanitária e Ambiental, v.2, n.2, p.50-54, 1997.
OLIVEIRA, I.L.; LOUREIRO, O.C. Contaminação por combustíveis orgânicos em Belo Horizonte: avaliação preliminar. Revista Águas Subterrâneas, São Paulo, 1998.
SUGIMOTO, L. Sensores detectam e monitoram contaminação de águas subterrâneas. Jornal da Unicamp, Campinas, 22-28 nov. 2004.
SUGIMOTO, L. Sensores detectam e monitoram contaminação de águas subterrâneas. Jornal da Unicamp, Campinas, 22-28 nov. 2004.
Por Felipe Morais Del Lama e Laura Alves Martirani
Nenhum comentário:
Postar um comentário